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Waldir Pires que, aos 85 anos, declarou-se candidato a vereador
por Salvador, pelo PT, é um exemplo de homem público. Puro, correto.
Praticamente toda sua vida foi dedicada a essa atividade que iniciou com
apenas 24 anos ao ser nomeado secretário de Estado pelo governador
Régis Pacheco. Era filiado ao PSD. Isso na primeira metade dos anos 50.
Na sequência, foi deputado estadual e líder do governo Antônio Balbino.
Elegeu-se deputado federal em 1958. Em 1961 se candidatou a governador
da Bahia e perdeu por uma diferença de 30 mil votos para Lomanto, então
prefeito de Jequié e duas vezes presidente da Associação Brasileira de
Municípios, na época uma entidade de muito destaque. Houve interferência
da Igreja Católica, do então Cardeal Da Silva, que o via como
“candidato dos comunistas”. No governo Jango, Waldir Pires assumiu o
cargo de consultor-geral da República quando se vinculou a Darcy
Ribeiro. Com o golpe de 1964, os dois foram os últimos a deixar o
Palácio do Planalto, daí, cassados na primeira lista da ditadura, deixou
o país em um monomotor (Yolanda, sua mulher e os filhos ficaram no
Brasil) e se instalou no Uruguai, onde se encontravam Jango, Brizola e
outros políticos perseguidos e cassados. Com dificuldades para se
sustentar e a família, Waldir foi para a França, onde ensinou direito
nas universidades de Dijon e Paris, por influência do grande economista
Celso Furtado, também banido pela ditadura militar. Com direitos
políticos suspensos, Waldir retornou ao Brasil em 1970, e, com o fim do
AI-5, já nos anos 80, se candidatou ao Senado, perdendo para Luis Viana
Filho, ele no PMDB, do qual foi fundador, e Viana na então na Arena.
Fazia dobradinha com Roberto Santos, também derrotado para o governo do
Estado. Em 1986 se elegeu com uma explosão de votos governador da Bahia
com o discurso da “Mudança”. Dois anos depois renunciou para se
candidatar a vice-presidente ao lado de Ulysses Guimarães, o andarilho, o
caçador de nuvens, o anticandidato de 1973. Não teve êxito. Antes, foi
ministro da Previdência Social. Nos anos 90, se candidatou ao Senado, na
era ACM, e perdeu de forma estranha, nas últimas urnas apuradas. Na
época, mapeavam-se votos, o que não significa dizer que houve
mapeamento. Elegeu-se deputado federal. Recentemente, tentou ser
senador, mas o PT não lhe cedeu legenda. Bem, de forma sumária é este e
currículo deste homem notável, baiano de Acajutiba, que tem o hábito de
tomar uísque com água de coco, sempre pedindo desculpas aos escoceses
que inventaram a bebida. Dedicou-se, como poucos, à defesa da
democracia, ao estado democrático de direito. Agora, com idade avançada,
demonstra o guerreiro que nele habita, o guerreiro imortal, e se
candidata a vereador por Salvador. Honra a Bahia, honra Salvador com o
seu desprendimento. Tenho por ele um respeito imenso e um carinho maior.
Bravo, Waldir Pires.
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